O QUE É MORAR/HABITAR?
Se formos analisar estas palavras de forma crua veremos que elas significam “residir em algum lugar” ou “lugar aonde se vive”. Pode paracer conceitos simples, mas na verdade apresentam grande profundidade. Não é à toa que é no nosso lar (seja aonde ele for) que compartilhamos nossas melhores e piores lembranças. É o nosso refúgio, lugar onde todos os dias sabemos que podemos contar.
Além disso o lar é o nosso melhor amigo. Pelo motivo que ele sempre aceitará o modo que você vive; modos que refletem a personalidade de cada um. Pode ser morando sozinho ou com alguém, ser rico ou pobre, ou estar todos os dias presentes com ele ou passando sempre o dia fora. Sempre quando você quiser voltar, ele vai estar lá. E te acolherá como se nada fosse mais importante. Por isso, muitas vezes a despedida de um lar para outro é difícil. Criamos elos que nem notamos.
Por isso, quando perguntarem o que é morar, não diga que é simplesmente um lugar aonde a gente dorme, come e permanecemos por um certo tempo. Diga que é o ato de construção não só de um espaço, mas de uma vida.
Entretanto, às vezes essa construção se torna dificultado. Principalmente quando essa construção envolve pessoas de classe baixa e as habitações de interesse social. Pessoas como essas são normalmente excluídas da cidade, alocadas nas bordas das regiões que menos interessa às pessoas com certo poder aquisitivo. E o sentimento que fica é de não pertencimento, de exclusão; ficando cada vez mais difícil dessas pessoas tentarem construir essa relação de lar.
Um projeto referencial que segue como exemplo da mudança de percepção do que é/e deve ser a habitação social é o Quinta Monroy de Alejandro Aravena. Esse projeto foi construído com o intuito de tentar incentivar a mudança de olhar das pessoas de que habitação social não é gasto, mas um investimento. Seu primeiro passo foi escolher um terreno que estava muito bem localizado na cidade (Sold Pedro Prado, Iquique, Tarapacá - Chile), possuindo infraestrutura como educação, saúde, transporte e trabalho; pontos já quase não vistos para os padrões de uma habitação social. Outro passo foi de criar espaços públicos e privados para essas moradias, permitindo uma escala urbana mas não perdendo a escala a interna. Por fim, a concepção de um desenho de projeto que conceda a essas famílias o poder de conquistar e bancar esse sonho da casa própria.
REFERÊNCIAS
QUINTA Monroy/ Elementar. Archdaily, 6 fev. 2012. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental. Acesso em: 14 jun. 2019.
